quarta-feira, 9 de maio de 2018

PADRE CÍCERO, FREI DAMIÃO E UM PONTO EM COMUM: O NORDESTE

Considerados “Padrinhos do Nordeste”, os religiosos atraem a oração de fiéis, mesmo não sendo santos oficialmente

Imagem de Padre Cícero
Foto: Cíntia Tomé/ Tocaia Cultural
Cícero Romão Batista nasceu no dia 24 de março de 1844, em Crato, cidade do interior do Ceará. Aos 12 anos, inspirado na biografia de São Francisco de Sales, fez voto de castidade, entrou no seminário aos 21 anos e ordenou-se padre cinco anos mais tarde. A figura do sacerdote tornou-se polêmica em 1889, quando uma hóstia, colocada na boca da beata Maria de Araújo, transformou-se em sangue, durante a eucaristia.
Na ocasião, após um período de investigações sob acusação de que o milagre era falso, ficou decidido pela Igreja que o padre não poderia realizar seu trabalho sacerdotal, nem falar sobre os supostos milagres ou atender romeiros. No entanto, as pessoas admiravam o Padim Ciço, como muitos o chamavam. Tal ato apenas fez aumentar esta admiração, já que, ao ser proibido de batizar crianças, ele aceitou apadrinhar algumas delas.
Enquanto não podia trabalhar como sacerdote, Cícero entrou na vida política, tornou-se o primeiro prefeito da cidade de Juazeiro do Norte, fundada em 1914. Faleceu em 1934, aos 90 anos, sem ter descoberto que havia sido excomungado. O perdão sacerdotal oficial da Igreja veio apenas em 2015.
A catequista Neide, da Comunidade São Sebastião, acredita que, um dia, Padre Cícero possa ser reconhecido como santo: “Acredito que sim, porque teve uma luta, um milagre que não foi reconhecido”, diz. Ex-moradora da cidade de Juazeiro do Norte, Neide resolve dar um testemunho sobre Frei Damião, de quando era criança. “Eu tive coqueluche. Minha tia conta que quando colocavam uma criança em cima da mesa é porque ela (a criança) está morrendo. As pessoas diziam ‘Corre que a menina tá morrendo’, e as pessoas corriam para ver e voltavam. Um dia, Frei Damião passou por lá e colocou a mão sobre a minha cabeça. Dali em diante nunca mais tive”, revelou. 
Réplica do corpo de Frei Damião/ Foto: Cíntia Tomé/Tocaia Cultural
Nascido em 1898, em Bozzano, Itália, Pio Gianotti deixou a Europa para ser missionário na região nordeste aos 33 anos de idade, radicando-se na região de Recife, Pernambuco. 
Neide comenta o que consegue recordar sobre o frei capuchinho: “As pessoas diziam que ele era muito rígido e corrigia mesmo. Por ele, nos dias de hoje, pouca gente iria [à igreja]. O povo ia atrás dele, e quando o povo vai, é porque tem alguma coisa”, finaliza.
Ambos os religiosos tiveram forte ligação com a região nordeste. Na cidade de Araripe, Ceará, há uma estátua em homenagem ao Frei italiano, enquanto na cidade de Juazeiro do Norte, no mesmo estado, há uma estátua erguida em homenagem ao Padre Cícero, no alto da Serra do Catolé, desde o ano de 1969. Em Sousa, cidade do estado da Paraíba, há outra estátua erguida em homenagem ao Frei, que chegou a participar da inauguração.
Atualmente, Frei Damião segue em processo de beatificação pela Igreja Católica.

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